A Bossa Nova e a construção da imagem turística do Rio de Janeiro

Ingrid Buckmann (ESPM)

Resumo: Esta pesquisa, ainda em construção, tem a proposta de mostrar a relação entre o Rio de Janeiro cantado nas músicas da Bossa Nova e a imagem da cidade utilizada para sua divulgação como destino turístico. O Rio de Janeiro cantado nas letras e na música da Bossa Nova foi traduzido e divulgado através de suas imagens da praia, do mar, do calçadão de Copacabana, do Cristo Redentor de braços abertos sobre a Guanabara, do barquinho em dia de luz e da juventude dourada nas praias de Ipanema. Esta iconografia construiu o elemento central do estilo de vida e da leveza do carioca, que passou a ser uma inspiração para a escolha do Rio de Janeiro como destino turístico. Além disso, alçou Ipanema ao posto de praia das mais cobiçadas no Brasil. Posto que ostenta até os dias de hoje e ao qual acrescenta-se a qualidade de lançadora de tendências e referência em moda em todo o País.

A pesquisa pretende estudar a potencialidade desses ícones e entender por que o Rio de Janeiro não aproveitou as oportunidades que vieram com a Bossa Nova. Não aconteceu, no Rio, o que ocorreu com o Blues em Chicago, o jazz em Nova Orleans e o tango na Argentina. Não existe um roteiro da Bossa Nova na cidade. Enquanto movimento musical, a Bossa Nova superou o caráter regional e alcançou status internacional sendo traduzida em múltiplas línguas e tocada por músicos de todo o planeta. A melodia de harmonias sofisticadas e próximas do jazz aliada à musicalidade natural do português falado no Brasil e ao tom de voz suave e quase minimalista, consagrou-se mundialmente como um estilo musical ao lado do rock, do jazz, do reggae, do blues e se viu independente do guarda-chuva do que podemos chamar de Música Popular Brasileira. A Bossa Nova nascida no Rio de Janeiro e com passaporte brasileiro ganhou o mundo.

O Estado do Rio de Janeiro representa a segunda maior economia do país com um parque industrial representativo e uma indústria de turismo significativa. Uma pesquisa realizada pela WTTC (Word Travel & Tourism Council) apontou o turismo como responsável por 4,9% do PIB da cidade do Rio de Janeiro no ano de 2016, logo após a realização das Olimpíadas e de jogos da Copa do Mundo, um volume de recursos que vem aumentando cerca de 3% ao ano desde então. O que é pouco para o destino que é o maior receptor de turistas do Brasil.
O turismo tem um enorme potencial de crescimento, especialmente se comparado a outras capitais da América do Sul em que o setor tem uma participação maior na economia local.
A pesquisa pretende estudar a potencialidade dos ícones cariocas cantados pela Bossa Nova, e entender por que o Rio de Janeiro não aproveitou as oportunidades que vieram com as músicas que fizeram tanto sucesso. Levantar questões como: Por que não existe um roteiro da Bossa Nova na cidade? Por que a cidade não aproveitou este imenso potencial e não transformou essas landmarks em pontos de interesse históricos? Por que é pouco explorado o endereço Rua Nascimento Silva, 107? Onde podemos encontrar um guia de turismo com os registros da Bossa Nova? Como encontrar o prédio onde morou Nara Leão em Copacabana, as esquinas por onde gingou a eterna garota de Ipanema e sobretudo o lendário Beco das Garrafas?
A pesquisa vai estudar a pluralidade destas representações oriundas do imaginário trazido pelas letras das músicas da Bossa Nova, como esta iconografia criou um destino com muitas possibilidades e como poderia ser melhor explorado.