Acredito, se quiser: um mergulho de dentro para fora.

Autor: Bruno de Santa Cecília Massa 
Orientadora: Lucia Santa-Cruz 
Data: 13 de dezembro de 2021


Breve Resumo: O presente relatório técnico analisa o processo criativo de músicos independentes, assim como pretende entender e analisar como as tecnologias de informação e comunicação interferem, sobretudo artisticamente e em relação ao público, na produção de obras fonográficas destes artistas. Para isso, foram realizadas entrevistas em profundidade e roteiro semiestruturado com músicos que não contam com o aporte de gravadoras. Dentre as descobertas, foi detectado, por exemplo, que estes músicos não têm a pretensão de soarem necessariamente originais, mas sim fiéis aos seus valores artísticos e, consequentemente, contemplando os anseios de seus respectivos públicos. Pelo ponto de vista dos entrevistados, através da tentativa de soar pessoal e verdadeiro, seria possível alcançar a universalidade almejada. Além disso, pôde ser constatado que a internet (principalmente o YouTube) tem um papel fundamental no desenvolvimento de novas habilidades e expertises dentro do constante processo de capacitação e aprimoramento das diferentes habilidades inerentes ao ofício do músico contemporâneo. Ainda, todos os entrevistados demonstraram profundo interesse em conhecer as etapas dos processos criativos dos seus pares pois, ainda que não possam reproduzir fielmente algum método, através da observação e análise dos procedimentos adotados por seus pares, é possível que se obtenham ideias que podem vir a ser incorporadas em seus próprios processos. Na parte final do trabalho, foi possível apontar que a crescente demanda por parte do público para que os músicos produzam uma quantidade cada vez maior de conteúdo direta e indiretamente relacionado ao seu respectivo ofício artístico, aliada à alta disponibilidade de recursos digitais de concepção, produção e divulgação de obras musicais, tem abreviado o tempo de maturação das mesmas. Também foi apontado que existe uma demanda por parte da classe artística, acadêmica e do próprio público para que outros artistas (músicos, neste caso) passem a produzir mais conteúdo relacionado ao processo criativo de suas obras. Finalmente, há uma sugestão para que o termo “independente” seja discutido e até reavaliado, uma vez que dá margem para que seja pressuposta uma autonomia por parte dos músicos que ainda não se apresenta como uma possibilidade real.


Link: http://tede2.espm.br/handle/tede/597